terça-feira, 29 de abril de 2008

meta-língua

o sentido dá-se pelo sentido no ouvido
que traduz para o cerebelo desenvolvido
em ondas eletroestapafúrdias
a necessidade de entendimento
daquilo que julga ser entendido

sono em dó maior e avante!

Ai, que sono de existir agora
Por essas horas todas passadas
E minutos infinitos e repentinos
Quisera eu já ter vivido tudo
O quanto é possível ter vivido

Dói-me o calo da existência
Ter de proferir cumprimentos
E teses sobre os vizinhos
E ter de dar bom dia, e boa tarde
E fingir empolgação
Em um assunto de política

Ser vanguarda na poesia
Ser ativista das minorias
Ser o bom-homem cristão
Ser o tipo padrão

Ai, que ainda durmo em praça
Ao sol do meio dia
Sem sentir remorso!
Sem pensar que é covardia!

Não me praz a hora certa
Nem o tempo confortável
Nem a chuva, nem as estrelas
Nem a solidão do meu quarto
Tudo está instituído e dado
Desde do nascer do sol
Até os ares da madrugada

Desde que foi feito o mundo
E os deuses todos o abandonaram
Pouco ou quase nada
Resta de novidade
Nem mais a nostalgia
Parece ser adequada
E de pensar que ainda existo
E que tenho de proferir palavras
Dá-me um sono destemido
Pesam-me as pálpebras
E adormeço repentino
Nos braços da fatalidade

sexta-feira, 25 de abril de 2008

modernize-se já!
atualize-se já!
moralize-se já!

agonize-se já!
cê já?
seja...

criar uma nova postagem

sim! criaremos infinitas postagens
que refletem o subalterno
o medo e a coragem
de ser gente...

além das postagens
criaremos metafísicas
muitas delas difíceis
de serem compreendias

aprisionaremos todos
dentro de canudos
de transcendência

além de postagens
criaremos insônias
pelos becos
das madrugadas...

não! não se sintam mal
as letras essa postagem
não passam de um código
frio e lógico
do mundo virtual

quinta-feira, 24 de abril de 2008

"agora, já passa da hora
larga a minha mão
solta as unhas do meu coração
que ele está apressado
e que anda a bater desvairado
quando entra o verão"

limite, então: verão... verão

quarta-feira, 23 de abril de 2008

a saliva grudenta
que separa os lábios
ao fim do dia:

é com essa gosma
que farei o molho
do macarrão
aaaaaaaaaaaaaa...apenas grito
o inconclusivo peristaltismo
de minha ânsia administrativa
cruzo os dedos de uma mão
com os dedos da outra mão
e balbucio:
uuuuu (em um tom agudo)
musicas como potes de açúcar em cima da geladeira
já me disseram: não!
logo, o som múltiplo das notas
são essencias insustentáveis?
se os sentidos são tão soltos
abstratos, digressivos
alucinatórios
corrompidos
errantes
loucos
o que somos nós
que nos alimentamos deles?
ir ao encontro do exílio de idéias
murmurando o absoluto!

sim! somos partícifes do espaço
imemorial e infitino!

indolentes são as moscas
perambulando pela cozinha
invadido pelo sono vespertino
me dôo ao infinito
de existências em pararelo

vulgos todos os nexos
ainda parem ser

ah! profilaxias para
doenças inexistentes
ah! horas infinitas
do corpo dormente
todas as coisas deixadas de lado
os sentidos e verbos
não utilzados
para compor o espaço-tempo

para aonde vão?

tanto faz...

configuração

sinto o tempo passar
pelos sinais do dia
horas a fio perdidas
em reticências...

terça-feira, 22 de abril de 2008

“Por que escrevo poemas tão bons?”

Nietzsche passou aqui em casa hoje
E me fez perguntar isso

Ecce homo, viu?!
Não vá além dos confins
Na ânsia de saber
Quem és tu
Tu és isso aí
Que tu és
Nem mais, nem menos
Nem muito, nem pouco
Média certa
Entre bicho e pessoa

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Meu amigo Yuldi me mandou essas duas poesias, que publico com satisfação! :-P

óhh marieta...
entrou no lago para pegar a borboleta
foi tao longe q molhou o joelho
só nao rimou pq o lago era raso

aqui o vento é forte
venta o dia inteiro
ahh se eu fosse moinho
!
vejo as horas transcorerrem
no relógio digital
ao canto da tela
do computador

e tudo são dados
efêmeros e fugidios
tudo não passa
de bits programados
para acontecerem
amanhã

as ondas percorrem
a casa, o bairro
cidades e países
que nunca irei estar

as ondas do suplício
de existir na imensidão
do absurdo das horas
digitalizadas e mortas

alga flutuando
num espaço irreal
de uma hora irrestrita
do mar de virtualidades

tragar a fumaça colorida
e expelir a vida
antes, bastaria dizer
uma Palavra
e se estaria a salvo

agora, nem com
um biblioteca
há possibilidade
de salvação
não direi nada além
daquilo que queres ouvir
pois eu quero
ser ouvido
Sem Carlos, estaríamos perdidos
Nós, poetas não trovadores
Poetas do dia-a-dia
Poetas dos espamos da rotina
Sem Carlos e suas pedras
E sua irônica melancolia
ai como doi a imagem de felicidade
pendurada no varal da varanda
em algum lugar da memória

os lençóis azuis e brancos
ao vento da primavera
e doce voz da infância
ressoando na janela

abrir os vestígios de outrora
no retrato já amarelado
de algum passado
que já foi embora

domingo, 6 de abril de 2008

tudo está instituido
determinado
pronto
acabado:
destino

porém, algo escapa
à prosa da rotina
e desestabiliza
os astros:
poesia

quinta-feira, 3 de abril de 2008

na V E R D A D E
é justo e necessário
darmos graças
à V O N T A D E
de V E R D A D E

posicionamento (preâmbulo para uma causa indefinida do sujeito)

os parcos sentidos da luminosidade disforme
do veneno “anti-monotonia” da televisão
vem por ondas difusas de um merchandise
que fazem os turistas quererem o impossível
dentro e fora de todas as possibilidades

babies sintéticas e virtuais e sexuais
o gozo das crianças estupradas
pelas violências das necessidades
atribuídas à felicidade solúvel e instantânea:
basta fazer gestos toscos e plenamente
imitáveis pelo “espírito” mórbido da servidão
do outro que não “eu”, é claro

aspas e aspas e um labirinto de “aspas”
sem a necessidade de obstinação
sem a cadência de uma “natureza”
sem a verificação da angústia

líquidos que tomam as formas
da esquizofrenia desvairada
da estupidez enlatada
das vaginas e pênis cantados
de toda a venda do corpo
da alma, do amor, do creme dental
da família, de deuses robóticos
do chip, dos crédulos, améns todos
vinculados ao mercado
da satisfação espetacular
do outro dia, do dia seguinte
do ano que vem, vem, hora agora vem


envaidecidos e esmigalhados
em frangalhos de retalhos
que nunca fixam o olho
que se move feito louco
insanos, informados, carimbados
gesticulados, profanos, atentos
informatizados, batizados
caridosos de sensações
cada vez mais irrealizáveis
projetos à mingua
nas insatisfações suburbanas
na cadência do funk, fuck, suck

invalidez

Há que se ter coragem
Para cruzar a linha
Da esperança imaginada

e, se além dela
não houver nada?

Ora, isso é uma bobagem
As utopias existem
Queiramos, ou não

quarta-feira, 2 de abril de 2008

pouco me interessa saber de seus motivos para me dar esse tapa na cara. todos seus motivos não me interessam e me causam indigestão. não saberia lidar com as margaridas no canteiro esquerdo e nem com a rosas no canteiro central. mas, fique você sabendo que agora tanto faz, simplesmente porque sempre tanto fez. não busque o amor romântico onde só há imagens gastas e reproduzidas em seqüência. não busque a seqüência.
iria fumar cigarros desesperadamente um atrás do outro do outro atrás
mas depois decidi ficar sem cigarros e com a angústia
passando como um desenho matinal
mas estava no fundo escuro da casa
apenas verificando a esquizofrenia
de existir no capitalismo

a inversão do simulacro

existir-MOS a que será que se destina

pois é, esse samba é pra você
ó meu amor

vem, que a sede de te amar
me faz maior

a paixão é caos
parabólica
estrada que dói

quero não saber de cor
também
Sei que sabes que eu sei
Do teu amor por mim
E da tua dor
Por eu não te amar
Assim como tu me amas

Mas sei que tu sabes
Que em mim, além de ti
Há um futuro de promessas
Intensamente vividas
Nos infindos passados
Em que nos embriagamos

Tu sabes que eu sei
Da vida um pouco menos
Mas sabes de uma coisa?
O não saber é o que torna
A vida interessante

terça-feira, 1 de abril de 2008

Os momentos de partida
São completamente diferentes
Dos momentos de chegada
Apesar de que uma partida
Implica uma chegada
Mas mesmo assim
As coisas são diferentes

Na partida, do lugar que chegamos
Levamos lembranças
Doces, amargas,
Tristes e felizes
Diferente da chegada
Cheias de esperanças
Expectativas, euforias

Quando partidos
Carregamos uma bagagem
Muito mais pesada
Daquela que trazíamos
Quando chegamos
Fomos acumulando
Livros, fotos, relações
Sonhos, sorrisos, sedativos
Amarguras, ressentimentos
Aborrecimentos, quinquilharias
Verdades absolutas e relativas
Fofocas e mentiras
Teorias e práticas
Sexuais, morais, transcendentais

E além de tudo isso
Partimos carregados
De saudade

Na chegada, que também
Implicou uma partida
Despejamos tudo isso
E também a saudade
Da onde partimos
Para chegar até aqui

E agora a partida
Do lugar chegado
Para outra chegada
Em outro lugar

E entre partidas e chegadas
Nesse alvoroço
Que se chama vida
O que fica é que o vai
E o que vai é o que fica
Nem lá estamos
Nem cá ancoramos
Pois viver é transitar
Entre coisas e pessoas
E depois, de tanto partir e chegar
Um dia chegamos
Na partida final
Caeiro dizia que nas coisas
Não há mistério algum
A não ser o próprio
Mistério de serem coisas

O mistério é o mistério
Assim como a cousa é a cousa
Sem essência
Sem “alma”
Sem “nada para além daqui”

Mas, Cairo, meu caro
Que foste tu
Se não um mistério
Dessa coisa
Que foi Pessoa?

o retorno (eterno)

Pois é! Estamos de volta! Agora na "tranquila e pacata" como diz Maysa... ou não é isso? rs... sei que pacata tem! E por falar nela, nem vi ainda a "nascida na primavera", libriana vulnevável ao bom e ao belo...rs... mas verei, verei... e para começar de novo e dar a palavra a ler, um poema de rima fácil, que fala sobre o tempo e suas (im)previsões...assim como as ilusões...

Talvez o tempo mude, talvez não
Apesar de todas as previsões

Será cedo para amar tanto
Ou tarde para deixar
Flutuar longe essa paixão?

Para isso não há gráficos
Nem muitas Verdades científicas
Há versos e poemas
Músicas, olhares, intuição

Vazio no peito
Coração na mão
Ah! Mundo, mundo esse
De Ilusão

Bem, agora bora colocar outros poemas... :-P