terça-feira, 26 de agosto de 2008

yo quero hablar sin miedo
una infinidad de palabras
de colores rojas
fuertes y resistentes

hay en mi una inmensidad
de personas desnudas
libres e cambiantes
y yo no quero me fijar
ni en una, ni en otra

vivir es aplazar la dicha
pero lo camino
sólo sí hace caminando

segunda-feira, 25 de agosto de 2008



Psiu! Quem é você
Que bate a minha porta
A essa hora da noite?
E vem me dizer essas
Verdades tão cabais...
Precisaria meditar
Para compreendê-las
No silêncio obscuro
De Mim para Mim

Sou eu! Diria...
Mas não, ainda não
Você diz. Mais um pouco...
Depois vem a trégua
Amanhecer lento
Dia claro, céu azul
Brisa mansa
Clima ameno

Já vai? Assim sem avisar?
Deixou aqui
O resto das suas Verdades...
Quando virá buscá-las?
Espero seu regresso

Enquanto isso
Passo como invisível
Ao olhar do outro
Que tem a ti

domingo, 24 de agosto de 2008


Agora que mudei

Tudo me parece mais

A la Campos

Do alto da janela

Do Edifício Grand Prix


Mas eu tenho todas

As sobras da Modernidade

Exaltadas nas Odes campesianas

Tenho todos os excessos e os vícios

Toda parafernália, todas as crises

Mas ainda respira

Álvaro de Campos Todo Poderoso!


Do alto da janela

Do Décimo Sexto Andar

Do Centro dos Centros

A qualquer hora

Do dia ou do noite


Vejo o malabarista

Ao sinal fechado

Exibindo uma cadência

De alguma decadência

Mas ele sorri e pede

E os motoristas avançam...


Vejo, em um gesto

De Grandiosidade

A Lua Cheia nascente

Imponente e Vermelha


Mas, quão longe vão

Meus pensamentos

Que repassam todas Horas

Vivas da Memória?

Sou Eu, o mesmo de sempre

Digo ao meu inconsciente!


Ah, a saudade é presença

Da ausência ardendo no peito

O Medo de ter um amor

De se não Pleno

De não corresponder

As expectativas feitas

Por encomenda para teu Nome


Ah, dor de uma taça de vinho

Tomada em solidão

E tudo isso aqui do alto

Causa-se a vertigem

De Campos embevecido

De Nostalgia pela sua

Perdida e imaculada infância


Mas, não sou-o!

Não devia ao menos sê-lo...

Pois o canto de Campos

É triste às vezes

E soa como lágrima

Que escorre sem amparo


Mas, hei de convir

Que todos somos

Um pouco assim

Na dor que nos faz

Humanos

E se chorar é ruim

Calar é ainda pior


Por isso aqui do alto

Do Décimo Sexto andar

Do Edifício Grand Prix

Ficarei atento aos sonhos

Que chegam e partem

Da minha janela

Sou Sonho

Sem Sombra de dúvida



Já é de noite, já tarde

Mas ainda não madrugada

Meu coração é apertado

E ao mesmo tempo largo


Deixei os afazeres

Meio inacabados

Como a roupa por lavar

Os detalhes por ajustar

O chão por varrer...


Parece que a noite veio

Justamente para calar

Meus desejos

E meus pesadelos


Meu corpo diz

Que já é mesmo tarde

E que amanhã

Teremos tantos compromissos...


Há que se curar

O vazamento do tanque

Que se solucionar

Os mistérios do mundo

Através dos relatórios

Pelas reuniões, opiniões

Há que se dar algum jeito

Nos contratempos absurdos

Que dilaceram a rotina...


Ah! Já é tarde!

Diz-me o relógio

E o quase silêncio da rua...

Tarde para empilhar os livros

Abrir os armários

Morrer de paixão

Ou de saudade...

Já é tarde...

Vou dormir

domingo, 17 de agosto de 2008

Mudarei o tom dessa parede
Mudarei as folhas daquele arbusto
Transitarei na rodovia
Com os olhos vendados
Para mudar a direção dos carros

Mudarei o tempo do relógio
Atrasando-o e depois o adiantando
Modificarei as rotas dos mapas
O ronco do ar condicionado
O quadro da sala
O escorredor de pratos

Mudarei a mobília do quarto
O número do telefone
O celular, a calça
O lençol, a toalha
A água da privada
O imã da geladeira

Trocarei o carro, a face
A moeda, o salário
O emprego, a empregada
O verbo, a ordem dada
O chafariz da praça
O remédio para o coração

Mudarei também a paixão
As amizades, o contrabando
A saúde pública, o supermercado
O cabeleireiro, o mecânico
A vassoura e o rodinho
O som, a televisão, a mine-série

Mudarei sem pensar
De nome, de endereço
De Universo, de religião
De Filosofia, de Idéia
De Verso, de Acaso
De Destino, de
Fim
fez agosto como quem
prepara um tigela de cereais
na manhã certa
no tempo certo
sozinho...

eu estou aqui, ainda
entre um rosto e outro
em palavras imóveis
perdido...