segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

no escuro, sozinho, aprendi a cavar fundo
cada detalhe entalhado na alma do outro
cada gesto bem ou mal colocado
cada declaração feita por descuido
cada milímetro dos melindres

pelejo, mas eu cavo fundo
atrás de olhares desviados
atrás de traumas esquecidos
atrás de promessas quebradas

então, peço que tomem muito cuidado
pois eu aprendi a cavar sozinho no escuro
toda relação exibida em surdina
a escutar toda respiração tensa
a vislumbrar a gota de suor do medo
a entender o que faz a sua vergonha
e o que te faz mostrar a sua face estranha

com isso, me tornei forte
e de tão forte, muito frágil
mas encontro nesse caminho
todos aqueles que querem
uma brecha para mostrar
o que nunca mostrariam

e a vida se expande
em mil possibilidades

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"quem sabe de mim é o meu violão" (Adoniram Barbosa)

esse estado de latência me maltrata
e a dor que sinto em meu peito é demais
traga mais uma dose, por favor
que hoje eu quero me perder desse amor

sei que essa coisa toda é fulgaz
mas o tempo é quem vai cicatrizar
fica apenas uma marca da ilusão
farpa pequena cutucando o coração

todo conselho nessa hora, meu amigo
é melhor você guardar consigo
eu vou seguir buscando entender
porque a gente ama se é pra sofrer

por isso eu canto, canto
antes que começe
a demarrar meu pranto

por isso canto, canto
antes que começe
a demarrar meu pranto

domingo, 16 de janeiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

se nos foi dado o livre arbítrio
então, porque não somos livres?
estaremos fadados a padecer
em nossas próprias feridas?

mas é claro, são as escolhas
estas escolhas que fazemos
levando em detrimento
nosso Ego tão imaturo

mas nisso, não só Eu me machuco
como transfiro ao Outro
elemento díspare, alhures
toda carga de sofrimento
por minhas escolhas injustas

o mundo, tal qual o é
inferno de Egos
não pode mesmo ser melhor
sem antes piorar:

a dor elucidará
que somos apenas
uma parte das relações

estamos infinitamente interligados

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

sábado, 8 de janeiro de 2011

tamo sendo ainda mano
ninguem tá pronto e acabado
mas é foda, porque tem horas
que as coisas param

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

observo: vertigem
aquém: movimento
se está: afim

nao: agora
amanhã: sim

e quando por mais distante que pareça de um sorriso mas perto está um coração pulsante de desejo por tudo aquilo que foi imaginado por uma memória outrora fria

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011


acontece que o dia nasce
e todo tempo passa
e toda hora canta

lua cheia, lua vazia
eu me visto de rotina
ainda que para isso
tenha que ser um peregrino

domingo, 2 de janeiro de 2011

"devagar, esquece o tempo lá de fora..."

uma das coisas mais bonitas que já (re)vi é o por sol na estrada que passa atrás da minha casa
mas dizer que é bonito também é julgar, por isso me policio quando vejo esse por do sol
esgota-lo em um palavra, que seja a palavra "bonito", mesmo assim, é muito feio
o mais importante é não dizer e apenas, com muito cuidado, observa-lo
eu não quero matar o por do sol em uma palavra, nem numa poesia, nem numa tese
eu quero que ele viva, sem sentido comensurável, dentro da minha memória
quisera eu ter um por do sol dentro do meu coração, tão apertado pela vida de todos nós
um por do sol para substituir as ilusões que fazem fazer poemas
estar em silêncio, apenas