quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

o que o espelho tem te mostrado?
uma nova ruga ou mais um cabelo branco?
tem te mostrado um largo sorriso
ou uma barba por fazer?

tem mostrado o quando tem medo da vida?
o espelho, esse nobre e fiel amigo, o que tem te mostrado?

olhos brilhantes por terem se apaixonado
ou um lágrima fria de quem não se permite mais amar?

tem mostrado mais defeitos ou mais qualidades?
tem mostrado só o corpo físico ou também a alma?

sonhos, vontades, desejos, amenidades
o que tem, o espelho, te mostrado?

a cada segundo, um segundo a menos...
a cada ano, um ano a menos...
quando, espelho, lembraremos de ser feliz?

eu e você somos a mesma pessoa
apenas com lados invertidos
e o que não me reflete, eu não vejo ...
apenas imagino.

domingo, 26 de dezembro de 2010

caso fosse o oposto
seria também o (re)verso?

chove, ainda
no céu de dezembro
agora já passou a chuva
ja passou o riso, o bloco
nem temos mais caminho...

agora é o presente
que se instaura soberano
amassando o passado
e empurando o futuro
para as léguas desconhecidas

não temos algemas
não temos promessas
nada de dúvida
mas nada de certo

sobra a verdade:
estamos fadados
a nunca encontramos
a outra metade

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"nada vai mudar entre nós
como eu sei? eu só sei... " (Los)

leve não é apenas a pena
ou a bolha de sabão
nem tão só a semente alada
indo longe com o vento
pra germinar noutro chão

leve também é o momento
em que penso com o coração
sem passado, sem furuto
só presente o verão
e a vontade de estar junto
em mais uma canção

domingo, 5 de dezembro de 2010

depois de Deus e da Filosofia
depois de eu e de tu
depois...

definitivamente
o ser (humano) me cansa

estou cansado até de mim
alguém me pergunta
sobre meu papel no mundo
meu papel no mundo?
eu repito a pergunta
como tática para guanhar tempo
e elaborar uma resposta
que não seja tão pronta...

mas todas as respostas
que me passam à mente
são absolutamente ridículas
meu papel no mundo?
meu papel no mundo?

eu canso e disfarço
prossigo com interjeições
do tipo.. "ãããã, unnn... "
e retipo a pergunta
meu papel no mundo?

eu não conheço você
nem metade do que acho
que conheço...

eu não meço por suas palavras
o seu Ego tão imperfeito..

eu tenho feito apenas pausas
apenas pausas, apenas pausas
em todas as peguntas
que me tem feito...

seria eu merecedor do mundo
para nele ter um papel definido?
seria eu um ator definitivo?
eu e - já (auto) julgando - meus defeitos?

eu canso e disfarço
eu não falo do que não sei
eu não vomito palavras
sem sentido, ou vomito?

ah, tanto faz, não é mesmo?
que preguiça de pensar nisso
ainda mais numa poesia...

que chato!