segunda-feira, 27 de julho de 2009

vem pra perto de mim
proteção da divindade
como água morna
para chá de camomila
e me ilumina
com teu sorriso
com tua paciência
com teu hálito
de pasta de dente
prende meu coração
com sua coragem
pinta no meu peito
uma tatuagem
que diz para todos
e para ninguém
o quanto somos
felizes por termos
descoberto no deserto
um girasol lilás

domingo, 26 de julho de 2009

arranca de mim esse farpo
esse fiapo de manga no meio do dente
essa pedrinha pontiguda do sapato

que o bom vento do oeste
leve consigo essa pena
essa alma penada
esse carma intruso
ignorância amaldiçoada

e que soem os clarins
limpos, tranquinhos, serenos
sem grunidinhos de concordância
sem ânsia, sem ego
sem prepotência
sem arrogância

amem
identificamo-nos (ou não)
com o outro
porque somos
bolhas de mundividência ...

ah, lá está a história
que marca os gestos
do indivíduo
minúsculo e recalcado
trouxa, otário
o diabo a quatro

depois, é sempre o tom
do desejo de si
que se permuta
e invade os cantos
concretos
do cotidiano:
do it, do that!

ha ha ha ha

ha ha ha ha

mas que haverá que se haver
com a Transcendência
isso haverá!

(em homenagem a ignorância incontida)

domingo, 12 de julho de 2009

nos domingos de inverno pela manhã
as ruas da minha infância
são o locus da unidade
na feira do pátio da estação
depois da missa na matriz
esperando a vida
com o sol adentrando
as folhas miúdas das árvores
e criando feixes eternos
de luminosidade em minha face ...

realidade protegida?
que importa
se os dias são claros
e o amor é infinito?
ah, que importa
se é uma esperança
entre tantas tormentas?

terça-feira, 7 de julho de 2009

tenho tentando, assim como quem não quer nada
um outro jeito de viver a vida
com muito menos julgamentos e críticas
com muito mais prazer e simplicidade

claro que os probelmas existem
(e o que seria de nós sem eles?!)
mas viver também é experimentar
aceitar, bem dizer, perdoar
relevar, insinuar sorrisos
chorar quetinho, calar
ao invés de chingar

o que o outro nos mostra
é também a nossa face
vivemos mesmo é na interface
relação, rede, colcha de retalhos
mosaico, caleidoscópio de imagens

por que você não tenta também?

domingo, 5 de julho de 2009

ele tinha tudo para fazer
mas o que lhe ocorreu
foi fazer um poema
e daí?

nada pára na vida
para que algo aconteça
tudo acontece independete de
as coisas continuam
se concluindo, mas a conclusão
é um início
e daí?

e haverá sempre
novas descorbetas
aquele livro essencial
aquela idéia magnífica
teses, tratados
carnavais e misérias
guerras e festas
bombas atômicas
e balas de festim
e daí?

pois é, alguém
tudo é para agora
ao mesmo tempo
sem ontem, sem amanhã
amálgama que arde
todas nossas máscaras
representando um papel:
"ufa! somos civilizados!"
e daí?

que se dane, né?
nem é comigo
nem é contigo
nem é com ninguém
hã?

que se dane a lata de lixo
que jogamos
nossa vida
os carinhas vão vir buscar
e levar sabe-se lá
para onde

foda-se o mundo!
e daí?

sentido? uai, que sentido?
transcendência? o que?
o Outro? hã?

um bando de filhas da puta!
o que tenho a ver com você?
minha imagem no espelho
um pouco embaçada
mas e daí?

esses caras que acham
que sabem alguma coisa...
tudo bicha! tudo um monte de merda
o que eles dizem!
e daí? vai tomar cú, filha da puta!

o mundo continua
apesar de
e com quanto que ache
que é isso mesmo
será isso mesmo
e daí?