quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

a poesia nasce das entranhas da terra quente
do bueiro, do buraco, do furo no muro
dos seres estranhos, dos seres místicos
das madalenas, das ladainhas
a poeisa é pó, é dó, é ré, mi, fa, fim
o último suspiro da paixão
o suspiro de bar amarelo
o ovo de codorna em conserva
o x-salada comido de madrugada
o beijo com bafo de cebola
a poesia é o oposto
da prosa lapidada
ela é o acaso que dá liga
na intriga, na briga, na vertigem
poesia é peixe fresco
embrulhado no jornal
é lata amassada de coca cola
que o catador cata com gosto
porque é grana no bolso
é bituca de cigarro
manchada de batom
é o tom do céu no por do sol
o som da sirene na madrugada
é fado grego enlatado
fita crepe que não cola
pedaço de cholate
esquecido no armário
leite estragado na geladeira
saco de farinha furado
transito parado
caos organizado
cosmos universal

Nenhum comentário: