domingo, 29 de julho de 2012

as coisas, todas as coisas
mínimas e gigantescas
são coisas que eu não sei
quando vem o tempo
quando vem os anos
séculos, milênios
eras astrológicas

são as coisas que 
eu ainda não inventei
que se quebraram na infância
que o medo impede
que a covardia abriga
e o coração não dispara

coisas sem nome
coisas sem cores
coisas sem formas

além das coisas
inomináveis
das coisas sem sentido
sem espaço, sem termos
coisas vagas, sem rumo
absurdamente prolongadas
no abismo que separa
duas pessoas afins
mães de seus filhos
filhos de suas pátrias
dores, prazeres, necessidades

coisas sem ritmo
coisas sem lembranças
esquecidas, condicionadas
trancadas em gavetas
coisas não dizíveis
sufocadas, silenciadas
coisas da madrugada
coisas da insonia
coisas de pesadelos
coisas muitas e multiplicáveis
a todos os medos intangíveis
da morte, da finitude, do profano
do sexo, do sagrado, da dor

não sei das coisas
todas as coisas
que não me falam
que se sub entende
que se agonizam
que se chocam
que se maltratam

coisas feitas das sobras
coisas feitas dos restos
coisas feitas pela metade
coisas feitas pela raiva
coisas obrigatórias
coisas ingratas

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