a palavra é um espelho atitude de desespero do poeta em conflito
perdemos, segundo a segundo as palavras, os sentidos, as verdades e nos embrutecemos
absortos na canção da ignorância, do egoísmo das necessidades veladas dos contratempos injúrias, calúnias ferimentos agonia
somos o auge de uma espécie em ruinas
sábado, 25 de outubro de 2008
a tua imagem que vem em meus sonhos tão real e densa que penso estar desperto é a imagem que sustenta o Universo
mas, me pergunto: o Universo é feito assim desse tecido da incompletude? como se nada ou ninguém fosse capaz de romper a rede do poema que dizia: Pedro amava Joana, que amava... ... e que não amava ninguém...
enfim, é um golpe é uma cicatriz é uma ruga é o tempo
Há alguma coisa nesta noite
Que não sei explicar
Um ar rarefeito, prestes
A precipitar...
Recolho os fragmentos da rua
Como se ao juntá-los
Resolveria-se o mistério da vida:
as partes do quebra-cabeça
que findariam em meu peito
a vontade de chorar
Os concretos quentes
O asfalto gasto
O tempo indeterminado
Pessoas sós, aos pares
Aos bandos...
E os minúsculos e macros
Barulhos intermitentes
A noite que não se explica
Nem pelo seu nome
Nem pela sua existência
Existe aí mesmo
No intervalo dela
Com alguma outra coisa
Que é minha, que foi minha
E eu deixei passar...
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
abro os braços para o dia e faço do tempo meu melhor amigo
terça-feira, 21 de outubro de 2008
de fato, não é estar só nem acompanhado é não estar exatamente ao teu lado
mas, ao de quem? ao lado de quem?
de você? de você que passa impassível irredutível ignóbil?
de você? é?
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
a verdade é que tempo de hoje não será o tempo de amanhã parece óbvio? parece...
acontece que o tempo de agora é uma estufa que nos faz suar o sangue das metodologias absurdas de uma civilização em ruínas
o tempo de amanhã depois da tempestade do século surgirá como calmaria transfigurando o que nos torna brutos em eternidade de sentidos que agora as palavras só podem se referir em apunhaladas
o tempo de amanhã permitirá o suspiro aliviado será quando saberemos que não somos culpados pelo delito, pela ferida pelo assassinato...
o tempo de rasgar os papéis da burocracia que matém a ordem desumanizante
o tempo das hierarquias serem subvertidas pelas ordens de outras pessoas de gestos mais coerentes do compartilhamento de responsabilidades
o novo tempo, que já disponta em surdina e tormento para os vagloriados de agora será o tempo intimista entendido pelas crianças pela inocência, confiança, poesia
ah! tempo que nos falta e nos comove...
domingo, 12 de outubro de 2008
murcho aos poucos pelas faltas, ausências saudades...
meu coração de papel se amassa
a árvore florida de amarelo: o sexo exuberante e belo
e qual a contrapartida que damos nos à vida?
entragamo-nos as dores repentinas mas sempre é uma tentativa de ser feliz...
flores amarelas são sexos divinos e nós ficamos com profanos
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
las horas más intensas que pueden ser vividas son aquellas en que nada puede ser dicho o escrito
como dijera una poeta: vivir ultrapasa todo entendimiento*
* Clarice Lispector escreveu:
Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento. Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Eu sou uma pergunta.
? Mas, será mesmo ?
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
o tempo muda o rumo do vento ameno, intenso, sagrado minhas velhas imagens desgastadas meus novos modos de felicidade
a cidade é sempre outra o relógio, as maçãs desidratadas uvas passam versos ficam
meu lugar favorito é, ainda, teu coração noite, cedo, cinco minutos e tudo é menos solidão
domingo, 5 de outubro de 2008
de fora do beco de nossas cavernas mentais tudo parece difícil, estranho, ameaçador o que não é reflexo não é para ser...
sábado, 4 de outubro de 2008
olho-te no impasse dos teus olhos espelhos dos meus devaneios olho-te e liberto o veneno da minha poesia ética-estética da existência em pequenos segundos perdidos nessa observação
deixo de amar o tempo em que fui a esperança de encontrar soluções nos vales de lágrimas
deixo o teu coração em contato com a agulha que fere meus olhos que te olham pela fresta do cantinho do dia um segundo menos e pá!
angústia elevada necessidade de achar que vale a pena ser ainda ser o que se é! identidade?
olho-te no esboço olho-te no meio nunca inteiro nunca para sempre olho-te de escanteio meia boca sem intenção de nada apenas criar alguma alegria/tristeza para, enfim deixar de lado toda felicidade e ser o mesmo de sempre
vai dizer que não sabia vai dizer...
tudo bem, eu imaginei que poderia ser alguma coisa do tipo amor transcedental
mas, na real o que eu preciso mesmo é começar a usar o fio dental