Há alguma coisa nesta noite
Que não sei explicar
Um ar rarefeito, prestes
A precipitar...
Recolho os fragmentos da rua
Como se ao juntá-los
Resolveria-se o mistério da vida:
as partes do quebra-cabeça
que findariam em meu peito
a vontade de chorar
Os concretos quentes
O asfalto gasto
O tempo indeterminado
Pessoas sós, aos pares
Aos bandos...
E os minúsculos e macros
Barulhos intermitentes
A noite que não se explica
Nem pelo seu nome
Nem pela sua existência
Existe aí mesmo
No intervalo dela
Com alguma outra coisa
Que é minha, que foi minha
E eu deixei passar...
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