quarta-feira, 3 de junho de 2009

"...
Sou um técnico, mas só tenho técnica dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo direito a sê-lo.
Com todo direto a sê-lo, ouviram
..."
(Lisbon Revisited - Álvaro de Campos)


Temos toda a tecnologia, toda a parafernalha
Para a busca de destroços, carcaças, fragmentos, retalhos
Temos um passado Moderno, Iluminista, Científico
Um presente Tecnológico, Tecnocrata, Informático

Temos as ferramentas para o Ego
Bem postas, bem expostas, fálicas, proeminentes
Que nos mantém com os pés fincados
Em nossos Territórios defendidos
pelo Terror e pelo Medo:
Oh, Pátria, Salve, Salve
Teus filhos tão gentis!

Teus filhos, mas não tuas prostitutas?
Teus homens, mas e tuas mulheres?
E as tuas terceiras opções?

Hoje temos a segurança
De não termos certezas
Nem pelo mais sábio dos engenheiros
Medicado, deprimido, analisado
Nas consultas com o mais sábio psicólogo

Temos as armas, os aparatos
Os sistemas funcionando
As bolsas de valores
Os automóveis supremos
Os aviões infalíveis
A liberdade de imprensa
A democracia de fachada
A ditadura do consumo

Mas do que vale a técnica
E suas decorrências
Se o sentido se perdeu?
Ou nunca existiu?
Sentido em ser humano?
Quando e onde nos tornamos?

Que ladainha infantil!
Quanto romantismo!

O melhor é sermos o que somos
Com nossas identidades programadas
Sufucados em nossa saliva
Em nosso vômito de grandeza
Sustentando nossos desejos
Vontades de poder, óh Ego!
Sim! Sou Eu, Eu sei, Eu posso, Eu devo...

O mundo dominado pelo Eu
e pela Tecnologia!

Ah, parabéns aos Homens de fé!
Aos desbravadores do Novo Mundo
Da Nova Galáxia, do Universo!
Um viva para os Navegadores,
Para os Austronautas
Para os Presidentes
Para a Academia Real da Ciência!

Bravo! Vamos celebrar o mundo
dos Homens da Verdade, da Justiça
da Puta Que Pariu!

E Deus, sempre Masculino e Imponente
Onipresente, Onipotente, que nos abençoe!

Do mais, contiaremos tomando
Venenos, comendo agrotóxicos
Instalando alarmes, explorando
os Recursos naturais
Consumindo, consumindo, consumindo
Escravizando os fracos
Chorando o leite derramado
e cantanto...

Pois até os porcos
precisam de arte!

Um comentário:

Anônimo disse...

tu prendes o leitor. como um música que que domina as paradas, a gente não se cansa... Ney souza lima