quarta-feira, 2 de setembro de 2009

eu encontrei no quarto, sobre a cômoda
um livro de poesia do tio do meu pai
que estava se hospedando em casa

li algumas estrofes com desconfiança
não porque nunca tinha lido poesia
mas porque os versos do poeta
eram cotidianos, porém intrigantes

não havia rima, não eram quadras
muito menos poesia clássica
era uma prosa escrita em verso
mas que também não era prosa
era um misto de palavras do dia a dia
com uma expressividade máxima
que fazia de poesia o bêbado da rodoviária
e o poeta o chamava de bêbado
e isso me incomodava
eu, na verdade, inocente
estava julgando o poeta
assim como o poeta fazia do bêbado
andarilho, sei lá o que
uma crítica da socidade... talvez...

eu não li o livro todo
nem sei qual é o poeta, é claro
pois poucos poetas são lembrados
mas a imagem que sua poesia me causou
sempre me retorna:
o quarto, a cômoda, o tio do meu pai
e o andarilho bêbado

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