domingo, 31 de janeiro de 2010

da série "poemas para musicar em caso de filmes do Almodóvar"

de que me vale sua presença

tão fraca e impotente
se nada pode me dar

só mesmo para rasgar
dilacelar, triturar, moer, ralar
meu coração

são os seus olhos castanhos
seu sorriso, sua voz
seu corpo e sua alma
meu fardo, meu castigo
e minha salvação

é aquilo que não tenho
aquilo o que desejo
seu beijo até o fim

de que me vale
saber que você existe
se sem você eu sou triste
e nada vai me fazer feliz
da série "poemas para musicar em caso de filmes do Almodóvar"

tasca-me um beijo na boca

tão louca, tão louca
de lábios ardentes sem roupa
sem roupa, sem roupa
e me sufoque por dentro
bem lento, bem lento
até que eu morra de amor
sem dor, sem dor

e quanto amanhacer
que viva novamente
para teu beijo sentir
e assim eternamente
ser seu, sem fim

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

se tens um Bem, tens o Universo
e teu coração é Infinito
morada da vida, ainda...

o medo? ora, deixe-o de lado
para isso não há segredo
tu tens um Bem, um anjo
um amigo...

podes, com certeza
dormir tranquilo

sábado, 23 de janeiro de 2010

a tarde é um prolongamento
indefinidamente para depois
para um agora deixado de lado

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

nublado


lá fora, depois da janela
delata-se um cinza no céu
um presságio da chuva

cinza, que pede uma aquarela
e um pincel, um carretel de linha com
uma pipa colorida na ponta

céu monocromático
que se contrasta com o verde
de árvores atormentadas
pelo vento noroeste

o mesmo céu teu
que te leva para além

de mim
Rodrigo Launikas Cupelli 06/01/2009 13:50

Assunto: poema de verão

Do céu, mar além de ti
As horas passam
E o sol entoa
Um árduo verão

A mulher, vestido curto
Na beira da pista
É retina queimada
No verão do hemisfério
Sul ...

Há que se penetrar
Nos sonhos indefinidos
Morrer de tédio
De sede, desejo
Sem fim

Aglutinando os passos
Em busca das memórias
No verão latino
Lata de Coca
Boca do Lixo
Veneno da rotina
Urdidura da máscara:
- Meu verbo arde
Na garganta seca

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

eu me alimento do que não tem peso
daquilo que me faz ficar tonto
no entardecer de verão

o céu, na conjuntura das árvores
as casas de portas abertas
brincadeiras na calçada

chuvisco de fim de dia
tempestade de madrugada
chá gelado de erva mate

caminhar sem rumo
no deserto da cidade

cheiro de terra molhada
fumaça no asfalto quente

distante, sempre presente
alguma lembrança da infância

perto, sempre distante
o amor perfeito
bate a saudade, bate o tambor, faz o samba
faz o crescente por do sol, a luz da lua
a luz dos faróis passando na estrada
o vento balançando, o cheio de grama cortada
a infinita vontade, o desejo latente
a carne fraca, o santo forte
a madrugada, o bêbebo
o vale das goiabeiras
ter 18 anos

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

não é frio, não é quente, é morno
nem lá, nem cá, no meio
o próprio muro

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

dispositivo para a esquisofrenia

e se...
fito o oposto, a música rodada ao contrário
gesticulo sílabas invertidas
que provocam rupturas nos contextos:
a métrica está corrompida

porém, fito mais além e tudo se encaixa
o rítimo, os compassos quaternários
as frases lapidadas e contínuas
que dão sentido as coisas da vida:
brevemente me recomponho
como sujeito civilizado

mas sujeito estou a toda oscilação
de humor, de criação, de existência
como se o cosmos se desse em caos

fito o infinito dentro de mim
com os olhos abandonados
relegados a algum canto
e não sei se sou eu
se é o Outro, se é o tempo
parece que é passagem
um caminho neutro
no qual penso nas impossibilidades
nos nós, nos cortonos, nos vultos
porém sem esperança
de encontrar conclusão alguma

domingo, 3 de janeiro de 2010

venho reclamar meu direito em
existir em falhas brandas
que me tornam humano
sem pre-textos ou conceitos
apenas sendo um meio

verdade é que a vida passa
em minusculosidades

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010