terça-feira, 11 de maio de 2010

tá certo, moço
não precisa de troco não
eu vivo mesmo é de obrigados
vivo de de nadas também
de pernas bambas eu danço
uma música bem do sertão

eu não preciso de casa
nem de camisa e de calça
eu gosto de deitar na calçada
olhar pra lua, olhar pra árvore
olhar pro lado de lá da praça
depois da maré baixa
depois do dia ruim

sou meio feito de nuvem
que se despedaça
e se entrega à fumaça
se deixa voar por aí
que nem pássaro

não precisa de troco
o teu sorriso agora basta
o teu comprimisso humano
raça que não se desgraça
apesar de sofrer
isso sempre passa
vá lá que ainda
tá demorando pacas

um dia eu volto
lá pras Pasárgadas
onde sou amigo de deus
e ele é amigo do meu amor
que é amigo do Álvaro de Campos
e todos nós vamos escrever poemas
que podem muito mais parecer prosas
que um dia alguém vai ler e achar que somos um pouco doidos
por escrevermos coisas tão estranhas em forma de texto e sem parágrafos
que vai por tudo em estrofe, com rimas e métricas, com candência e paciência
mas ficar ficar tão feio, mas tão feio, que deus vai cair fora, meu amor também vai embora
e só vai sobrar mesmo o outro lá e eu aqui, a escrever sempre em linhas tortas o que vida escreve sem palavras e sem linhas e sempre sem pontos finais ....

2 comentários:

Gláucia Dellaqua Crepaldi disse...

tá certo, moço
não preciso arrumar não
que eu gosto assim
descabelado

também não preciso lavar não
que eu gosto assim com terra

porque não precisa me amar
DE PERTO
já que gosto assim
DE LONGE

rOdrigO disse...

lejos ...

pero cerca de mi corazon