quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

noite já e nem sei

estou calmo, absorto na possibilidade de...

mas, tanto faz, ainda é cedo

a cidade brilha incondicionalmente

e nem sei onde fica sua rua

suas margens de privacidade

seu hálito fresco antes de dormir

nem sei, pois nem procuerei saber

aposta no destino... burrice?

não sei também, e pouco importa

o que importa é saber das possibilidades

frescas nas árvores da vida

e daí que não vou sair collhendo

apressadamente os frutos da felicidade

não... deixem maturarem até

desprenderem-se por conta própria

e, num instante, como descobriu o físico

com a queda da maçã

a lei da gravidade

você cairá em meus braços

pronto para o consumo

e doce como licor de jabuticaba

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

ah, deixa em paz todo
vulto que esconde
o teu lindo coração

não sei, é tão distante
diferente do meu ...

se eu fosse a estrela
ou a sorte
se eu fosse
a metade, a satisfação

sou o começo, sempre
apanho na hora
do não

vem cá, deixa em paz
toda hora, todo sim
tanto faz
que seja sempre
igual

que seja sempre
assim

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

através da janela
ao final da tarde
a chuva veio falar comigo
como um carinho

olhava o pátio
como quem olhava
um labirinto
de caminhos floridos...

o fim da tarde no verão
com a chuva
de cinco minutos
com o calor
com o sol
já enfraquecido

e meu tempo se estendeu
ao infinito...

não havia pressa
nem deveria haver fim
cada passo, cada gesto
rompia um absurdo
de desejo absoluto
de felicidade

como estar
na chuva contigo
que lá estava
através da janela
no pátio molhado
e florido

como estar brando
sem sentido e sentindo
o coração rasgar o peito
destemido, absorto
estarrecido

e meus olhos casados
de tanto ver o impossível
se tornaram suaves
comtemplativos
incorruptíveis

alí estava o pátio
molhado e florido
banhado pelo
sol enfraquecido
e de tudo que esperava
ainda te via
sabendo que de fato
outro amor aconteceria

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

ah, teu coração de menino mimado
é tão vulgar para a tua idade
não rima, não cola
te faz menos e sem méritos

quando sorris, em raros
momentos de inocência
até te tornas suave
mas tua ânsia em ser
"sei lá o quê" que queres ser
deixa-te ferido, feio
menor

apenas te iludes,
deliberadamente

e é uma pena

domingo, 11 de janeiro de 2009

rotina

outro dia...

minhas tantas verdades
o jeito de ser sempre
a continuidade
na existência
dos minúsculos
movimentos

estudar o amanhacer
da janela recém aberta
aromas de necessidades
como escovar os dentes
vestir-se ainda sonolento
e sair à deriva
para o mesmo de sempre:
o diferente confortável

na esquina, à espreita
a cidade olha os versos
nas faces do novo dia
é a vida se compondo
de novo e sempre
teia infinita de
possibilidades...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

eu vivi entregue
as entranhas da sorte
ainda que tenha
vivido pouco
vivido nada
ai, que nem sei se vivi
só sei que foi
nas entranhas da sorte

e o tempo transcorrido
que não é de morte
mistura o gesto destemido
com o resto das sobras
de amores perdidos
ilusões desfeitas
traços oblíquos
das faces transitórias

e se vivi, foi pelas
entranhas da sorte
levado distante
estrada infinita
no amanhecer

de tudo um pouco
fica no arcabouço
a espreita de sair
como um sopro:
é assim que ainda vivo
pelas entranhas
da sorte