sexta-feira, 6 de junho de 2008

Não sei se sou eu o irresponsável, se sou eu o ingênuo, se sou eu o errado. Sei que minha voz quer dizer algo que pode mesmo ser efêmero, tópico, mesquinho, mas que não faz de mim um descompromissado. Meu compromisso muito pode ser egoísta, mas vejo nele uma possibilidade de ação. E de que valeria se lutasse com o coração de luto? Prefiro minha batalha com meu coração sangrando. Não sei se isto é lá grande coisa, mas peço perdão pela minha ingenuidade, tão difamada nestes tempos de intensa crise. Sou fruto daquela semente que plantaram. Incoerente no exercício de minha prática, inconstante nos desejos, rebelde e imaturo. Sou fruto da árvore podre, se bem querem assim dizer. Mas mesmo os frutos podres servem para alimentar os vermes e os insetos. Se não me ponho enquanto fruto polido, que alimenta a boca daqueles sábios, é porque prefiro a mordida dos subalternos e, conseqüentemente, a dor dos desfarrapados. E há quem diga que eles não conhecem o ócio e a poesia. Mas, eu me pergunto: quem decreta uma lei tão severa?

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