Já é de noite, já tarde
Mas ainda não madrugada
Meu coração é apertado
E ao mesmo tempo largo
Meio inacabados
Como a roupa por lavar
Os detalhes por ajustar
O chão por varrer...
Parece que a noite veio
Justamente para calar
Meus desejos
E meus pesadelos
Meu corpo diz
Que já é mesmo tarde
E que amanhã
Teremos tantos compromissos...
Há que se curar
O vazamento do tanque
Que se solucionar
Os mistérios do mundo
Através dos relatórios
Pelas reuniões, opiniões
Há que se dar algum jeito
Nos contratempos absurdos
Que dilaceram a rotina...
Ah! Já é tarde!
Diz-me o relógio
E o quase silêncio da rua...
Tarde para empilhar os livros
Abrir os armários
Morrer de paixão
Ou de saudade...
Já é tarde...
Vou dormir
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