domingo, 24 de agosto de 2008


Agora que mudei

Tudo me parece mais

A la Campos

Do alto da janela

Do Edifício Grand Prix


Mas eu tenho todas

As sobras da Modernidade

Exaltadas nas Odes campesianas

Tenho todos os excessos e os vícios

Toda parafernália, todas as crises

Mas ainda respira

Álvaro de Campos Todo Poderoso!


Do alto da janela

Do Décimo Sexto Andar

Do Centro dos Centros

A qualquer hora

Do dia ou do noite


Vejo o malabarista

Ao sinal fechado

Exibindo uma cadência

De alguma decadência

Mas ele sorri e pede

E os motoristas avançam...


Vejo, em um gesto

De Grandiosidade

A Lua Cheia nascente

Imponente e Vermelha


Mas, quão longe vão

Meus pensamentos

Que repassam todas Horas

Vivas da Memória?

Sou Eu, o mesmo de sempre

Digo ao meu inconsciente!


Ah, a saudade é presença

Da ausência ardendo no peito

O Medo de ter um amor

De se não Pleno

De não corresponder

As expectativas feitas

Por encomenda para teu Nome


Ah, dor de uma taça de vinho

Tomada em solidão

E tudo isso aqui do alto

Causa-se a vertigem

De Campos embevecido

De Nostalgia pela sua

Perdida e imaculada infância


Mas, não sou-o!

Não devia ao menos sê-lo...

Pois o canto de Campos

É triste às vezes

E soa como lágrima

Que escorre sem amparo


Mas, hei de convir

Que todos somos

Um pouco assim

Na dor que nos faz

Humanos

E se chorar é ruim

Calar é ainda pior


Por isso aqui do alto

Do Décimo Sexto andar

Do Edifício Grand Prix

Ficarei atento aos sonhos

Que chegam e partem

Da minha janela

Sou Sonho

Sem Sombra de dúvida



Nenhum comentário: