quarta-feira, 25 de novembro de 2009

eu corro é da noite, é de medo de mim
de medo do futuro é que eu choro
daquilo que serei e ainda não fui
corro da verdade que martela
o cerne da minha consciencia:
sou um humano entre tantos
desvairados pelas ruas, pelos prédios
pelos becos da existência...

e não é covardia, não é não!
é que dói mesmo sentir o que sinto
dói saber que somos rarefeitos
que somos tão pequenos e mesquinhos
que nos machucamos
com tanta facilidade

dói sentir os paradoxos
saber que a vida é feita de ciclos
de nascimento, de morte
de ordem, de caos e de tudo mais

e dói porque desconforta
é uma lâmina que percorre
o nosso corpo e corta
a nossa carne e diz:
menino, você é homem!
você está sozinho agora
você é responsável
por todo o bem
e por todo o mal
que causa

eu corro é para mim mesmo
corro para minha vergonha
para meu egoísmo, para minha inveja
para o meu preconceito
corro pra me esconder na toca
na poesia, na prosa
corro da profecia, do carma
para a cegueira do espírito

ah, eu não sei ser mais
mas queria aprender a ser...

ser mais do que ainda não fui
ser outro sendo ainda
ser sempre, nunca sendo o fim

queria ser a cigarra que canta
e que amanhã vai embora
e que não chora por isso
apenas vai porque
cumpriu o seu ciclo

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