terça-feira, 10 de novembro de 2009

sinto dizer - é isso, pronto e acabou
hoje em dia, a poesia é direta
sem metáforas ou metonímias
a poesia é feita de concreto
é também um política externa
não tem imagens mirabolantes
não tem rimas exatas
não tem versos, não tem estrofes
é quase uma prosa
dita do avesso, em regresso
a algum lugar que o dito poeta
não consegue chegar:
um labirinto de espelhos

a poesia hoje se faz na feira
na pereferia, no rap, no funk
na música pop e romântica
no programa de auditório
a poesia se faz por sí própria
elege um canto e se solidifica
como um sacrifício do cotidiano

a poesia é do menino de rua
da velha que cata lixo
do outro inferno que sou eu mesmo
da minha consciência egóica
do verme que me irrita e corrói
dos insetos que procriam
suas larvas em vasos
esquecidos no cemitério

a poesia é fruto em promoção
ela é quase mais do que pode ser
é tão banal, é tão utilitária:
um jargão

a poeisa hoje é migalha de pão
é arroz com feijão
escorre nas paredes
brota do chão
traduz o fato, no ato
sem perdão

poesia:
é a notícia
é a crônica
é o quadro
é discurso

são os pedaços
das pessoas
juntos

são as pessoas
em pedaços
separadas

são os afãs
de dizer não, sim
talvez, tanto faz, e daí?

poesia hoje é o que se comeu no almoço
e já se esqueceu na hora da janta
é tudo o que pode fazer sentido
ou aquilo que não faz sentido algum

enfim,

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