É carnaval. Por isso, eu canto:
“Sim! Deve haver o perdão para mim
Se não, não sei qual será
O meu fim...”
(Cartola)
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
esterilidade
O desejo estéril
É um veneno sem proporções
Que corrói o corpo
Que pesa na boca do estômago
Que causa ânsias e tremores
Há que se calar na hora certa
E tornar os minutos inacessíveis à coragem
E a vontade, assim inibida
Cobra seu preço:
Rasga a pele
Rompe as artérias
Pesa no coração
Como será que agüento
Tamanho suplício?
Ei de me tornar estéril também
É um veneno sem proporções
Que corrói o corpo
Que pesa na boca do estômago
Que causa ânsias e tremores
Há que se calar na hora certa
E tornar os minutos inacessíveis à coragem
E a vontade, assim inibida
Cobra seu preço:
Rasga a pele
Rompe as artérias
Pesa no coração
Como será que agüento
Tamanho suplício?
Ei de me tornar estéril também
Pensamentos
a Álvaro de Campos, em exercício de aproximação
Meus pensamentos não tem começo nem fim
Se anulam na fumaça leve
Que baforo pela janela
Se perdem no ar rarefeito
Depois da chuva de verão
Pensamentos todos eles vagos
Engatados em versos inconclusos
Seguem entre a esquerda e direita
Do parapeito empoeirado
Meus pensamentos de palavras
Com sentidos inaudíveis para os mortais
Que constroem os concretos
Das paredes das casas e dos prédios
E pelas horas imortais dessas horas
Vivificam sem mais voltarem
Um absurdo de necessidade
Um abismo em que me enterro
Ah! Pensamentos frouxos e pela metade
Que não seguram nem a mim, nem a ti...
Sobre qualquer ato que me parta o coração
Na sombria solidão do meu ser
Eles ficam a mercê do além
Que nunca chega por completo
E distantes levados pela brisa
Percorrem lugares infindos
De outras tempestades ameaçadoras
De outros colos nunca beijados
De outros portos esquecidos...
E nesses vagos pensamentos
Me animo sempre a dizê-los
Pelo oposto do que significam!
Ah! Tantos eles dariam uma tese
E salvariam o mundo!
Mas ficam na esquina da casa
A espreita de não se exporem
Mais do que deveriam
Nessas horas nem tento mais dizê-los
Pois me tomam como saudade
Como coisas que ainda não vivi
Sendo inútil qualquer explanação
Sendo vil suas cadências
Profanos, místicos, vulgares...
Temo apenas a senti-los
Mais do que posso!
E quando em mim invade
Uma idéia que julgo fixa
Desmantela-se com afinco
Minhas certezas de outrora
E já não sei se vale a pena
Dizer os fatos do cotidiano
Como fazem com louvor os jornalistas
Não! Deixo apenas em pensamento
Tudo aquilo que fiz ou vou fazer
Deixo em suspenso meus devaneios
Minhas vontades e receios
E calo num silêncio louco
Que de tão forte
Temo que nunca mais irei falar
É pouco, na verdade, o que sinto
Pois se fosse muito
Há tempos já teria morrido
E de pensar que já sustentei
Um discurso em público
Rubra a minha face
Acelera meu coração
Ah! Dor de pensar
Dor de sentir as palavras
Brotando inúmeras
Mas sem nunca poder dizê-las
Como deveriam ser ditas
E já cansado sofro as penúrias
Disformes dos bravos em desatino
Deito-me a contragosto
Na cama amanhecida
E fico lá comigo
Apenas comigo
Meus pensamentos não tem começo nem fim
Se anulam na fumaça leve
Que baforo pela janela
Se perdem no ar rarefeito
Depois da chuva de verão
Pensamentos todos eles vagos
Engatados em versos inconclusos
Seguem entre a esquerda e direita
Do parapeito empoeirado
Meus pensamentos de palavras
Com sentidos inaudíveis para os mortais
Que constroem os concretos
Das paredes das casas e dos prédios
E pelas horas imortais dessas horas
Vivificam sem mais voltarem
Um absurdo de necessidade
Um abismo em que me enterro
Ah! Pensamentos frouxos e pela metade
Que não seguram nem a mim, nem a ti...
Sobre qualquer ato que me parta o coração
Na sombria solidão do meu ser
Eles ficam a mercê do além
Que nunca chega por completo
E distantes levados pela brisa
Percorrem lugares infindos
De outras tempestades ameaçadoras
De outros colos nunca beijados
De outros portos esquecidos...
E nesses vagos pensamentos
Me animo sempre a dizê-los
Pelo oposto do que significam!
Ah! Tantos eles dariam uma tese
E salvariam o mundo!
Mas ficam na esquina da casa
A espreita de não se exporem
Mais do que deveriam
Nessas horas nem tento mais dizê-los
Pois me tomam como saudade
Como coisas que ainda não vivi
Sendo inútil qualquer explanação
Sendo vil suas cadências
Profanos, místicos, vulgares...
Temo apenas a senti-los
Mais do que posso!
E quando em mim invade
Uma idéia que julgo fixa
Desmantela-se com afinco
Minhas certezas de outrora
E já não sei se vale a pena
Dizer os fatos do cotidiano
Como fazem com louvor os jornalistas
Não! Deixo apenas em pensamento
Tudo aquilo que fiz ou vou fazer
Deixo em suspenso meus devaneios
Minhas vontades e receios
E calo num silêncio louco
Que de tão forte
Temo que nunca mais irei falar
É pouco, na verdade, o que sinto
Pois se fosse muito
Há tempos já teria morrido
E de pensar que já sustentei
Um discurso em público
Rubra a minha face
Acelera meu coração
Ah! Dor de pensar
Dor de sentir as palavras
Brotando inúmeras
Mas sem nunca poder dizê-las
Como deveriam ser ditas
E já cansado sofro as penúrias
Disformes dos bravos em desatino
Deito-me a contragosto
Na cama amanhecida
E fico lá comigo
Apenas comigo
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
livros de biblioteca
Entre as estantes
Que aprisionam o tempo
Uma junção de livros
Ficam matutando:
quem me lerá?
quem me lerá?
Semanalmente,
Aos sábados a noite
À surdina do vigia
Desvelam-se uns aos outros
E contam seus segredos
Descrevem os lugares
As mãos pelas quais passaram
Os impactos que sofreram
E reclamam à sua sorte:
Sou uma prostituta!
Que aprisionam o tempo
Uma junção de livros
Ficam matutando:
quem me lerá?
quem me lerá?
Semanalmente,
Aos sábados a noite
À surdina do vigia
Desvelam-se uns aos outros
E contam seus segredos
Descrevem os lugares
As mãos pelas quais passaram
Os impactos que sofreram
E reclamam à sua sorte:
Sou uma prostituta!
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
...
O meu afeto é fardo
Ora, não me recrimine
Se sou, assim, tão vulnerável
Risque o isqueiro
Para ascender o contra senso
Boca, olhos, nuca, mãos
Só é retilíneo o paraíso
Esse poema prescede o da Era da Panlética (que vou postar só depois) :-P
Ora, não me recrimine
Se sou, assim, tão vulnerável
Risque o isqueiro
Para ascender o contra senso
Boca, olhos, nuca, mãos
Só é retilíneo o paraíso
Esse poema prescede o da Era da Panlética (que vou postar só depois) :-P
referências cotidianas
É mesmo! Eu sempre digo. Comprei um livro na Feira do Livro (!) que se chama “Vitaminas Filosóficas” de Theo Roos. Ele faz uma salada filosófica muito saborosa para se comer no verão. E é guiado por Nietzsche pelo que percebo, já que o chama de “o maestro”. O nome do livro é porque no final de cada ensejo que faz com os filósofos ele traz as respectivas vitaminas. Por exemplo. No caso de Diotima, aquela que está na história de Sócrates do Banquete de Plantão construindo Eros, as vitaminas são:
Vitamina A Curta música!
Vitamina B Dance, dance, dance!
Vitamina C Procure uma terceira opção, que reúna dois opostos sem anulá-los.
Além das vitaminas, Roos nos dá dicas de música para acompanhar cada filósofo. Tem muuuito Bob Dylan!!
É isso. Vitaminas filosóficas, a arte de viver bem. Theo Ross. Casa da Palavra, 2006.
Vitamina A Curta música!
Vitamina B Dance, dance, dance!
Vitamina C Procure uma terceira opção, que reúna dois opostos sem anulá-los.
Além das vitaminas, Roos nos dá dicas de música para acompanhar cada filósofo. Tem muuuito Bob Dylan!!
É isso. Vitaminas filosóficas, a arte de viver bem. Theo Ross. Casa da Palavra, 2006.
...
o que querem os poetas neste mundo
de tanta dor e amargura?
por que ainda escrevem seus poemas
sabendo que não resolvem os problemas?
deixem de tolices, poetas!
que nada entendem da vida
suas palavras não sanam nem curam
nem fazem melhores
a noite ou o dia
palavras não são remédios
são apenas cultura
fragmentos soltos
de sentimentos loucos
poetas mendigos
fiapos de tecido rasgado
retalhos de memória esquecida
não queriam dizer que sabem
aquilo que até Deus duvida
mas digam a mim o que fazem
neste mundo de tanta injustiça?
de tanta dor e amargura?
por que ainda escrevem seus poemas
sabendo que não resolvem os problemas?
deixem de tolices, poetas!
que nada entendem da vida
suas palavras não sanam nem curam
nem fazem melhores
a noite ou o dia
palavras não são remédios
são apenas cultura
fragmentos soltos
de sentimentos loucos
poetas mendigos
fiapos de tecido rasgado
retalhos de memória esquecida
não queriam dizer que sabem
aquilo que até Deus duvida
mas digam a mim o que fazem
neste mundo de tanta injustiça?
Ode ao caramujo da paz
à gláucia
Salvem, salvem!
Eis o caramujo da paz!
Ele adentra sóbrio
Ao espetáculo da vida
E deixa seu rastro de gosma
È caramujo
Mas é também homem
(Perspectiva ilusória)
Algures, alguém perguntará
Se pode um bicho
Assim tão mesquinho
E insublime
Ser emblema da paz
Mas quem se oporá
A tal virtude
Se dela é que criamos
Uma eternidade?
Pode sim, eu digo!
Claro que pode!
Eis o caramujo paz
Em sua insígnia de glória
Eis o rastro de gosma
E suas infinitas reticências...
Não me recriminem
Ó mestres!
Tenham complacência
Eis que mostro a face
De beleza do caramujo
Depois que anos se passarem
Ele estará na bandeira
De nosso país
E todos cantaremos honrados
Viva! Viva!
Eis o caramujo da paz!
Que me faz feliz...
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