segunda-feira, 7 de julho de 2008

mostra-me a palma da tua mão, filho
quero saber do teu futuro
mostra-me o teu destino
traçado nas linhas do infinito
antes que o Verbo te cubra
e te re-defina em mil
pedaços novamente articulados
em tantas outras
narrativas imprevisíveis
mostra-me teus retalhos
feitos de novíssimas rugas
dessa pele que protege
a tua essência

deixe-me ver e re-ver
teus olhos cristalinos
ler e re-ler tua retina
antes que se retifiquem
que transmutem em
tantos outros sentidos
para além de qualquer
métrica possível
de ser escrita
em poesia

ah! dei-me o teu
tempo vivido, menino
os tempos das fotografias
da infância e da velhice
deixe-me contar-te
num romance auto-bigráfico
deixe-me narrar-te
nesse enrredo que se apresenta
nesse imenso presente
que é a tua vida

dá-me teu destino
as tuas horas de martírio
dá-me o teu sorriso
e tuas de horas de lucidez
o esboço do que é certo
na tua alma, na contra-luz
do teu instinto

ah! como quero prever-te
e prender-te nesse espaço-tempo
que acalenta por sabermos
o quanto somos nós mesmos
apenas eu e você
persona única
na história

mas a questão
sempre dolorida para mim
seu Ego com e maiúsculo
é que nos reinventamos
em inconstantes necessidades
em essencias refeitas
somadas e subtraídas
na fumaça dos dias
na umidade dos papéis
que borram o cortorno
da nossa personalidade...

és tão pueril
sou tão deslocado
que me calo
para ouvir-te

diz-me dessa tua idade
diz-me das aventuras
diz-me das paixões!

além de ti há o mundo
outros tantos agitados
outros tantos camuflados
outros ainda que nos esperam
talvez ao dobrarmos a esquina
talvez na desritmia da rotina
talvez nos sins e nos nãos
nessas incertezas
que nos preenchem de indecisões

mas vale aguardar-te
em voluptuosa transcedência
sim, pois Eu transcendo-te
apesar de relutares contra isso
doce menido feito de ilusão

mas não tema meu poder
de cumprir qualquer designação
viva o tempo corrido
do imenso presente
que é nossa vida
viva a ferida aberta
no teu coração
sangra a tua existência
em palavras, em versos
em atos, em revoluções
nos sonhos, no perdão
em todas a Amizades
feitas e re-feitas
és artefato dos teus feitos
antes mesmo dos nossos defeitos

fico aqui roendo a corda
bamba que nos sustenta
na ponte que leva
ao buraco negro
do inconsciênte

Um comentário:

Unknown disse...

nossa!! adorei, muuuuuuuuuuito......muito lindo mesmo...legal ....arrasou......serei uma frequetadora agora....rs*....e ai ta tudo bem né ?!?!?! beijoquinhas.......
Carine.