terça-feira, 9 de dezembro de 2008
ou algo que se parece
com uma taça de vinho
bebida em solidão
à meia luz
talvez ...
perdão!
que não se fala isso
assim como se fosse
o último sorriso
ou a última gota
de felicidade
quando se sabe disso
estou inqueito
no meu canto
no meu gesto
em qualquer lugar
oposto ao teu gosto
desejo do avesso
rebuliço da alma
acalma, acalma
não! é tudo ilusão...
quisera fosse o início
o infinito arrastado
pela beira da praia
pela estrada de chão
pelo esconderijo
no sótão, no porão
como se fosse
segurar na tua
mão ...
mora no meu peito
o desejo absoluto
de ser feliz!
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
que percorrem sedentos
os movimentos do ego
em desativo
outrora, na avidez
do desejo da entrega
e no desespero final
serão inúteis os bilhetes
recados e quinquilharias
dados de presente:
o outro pensa
e respira diferente
ou está lá
na mesma
mas
em outro ainda...
é! perdão não convem
nessas horas absurdas
nesses traços de
personalidade truncada
que grudam no coração
ah!! vida laborosa
do amor ... do amor?
que substância
mais cretina
é essa?
enquanto isso, perambulam
os sinais claros
daquilo que já era
óbvio:
a serpente da maçã
é amiga de Adão
e amante de Eva
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
em alguma rua, perdido
um coração partido
esperou que alguém
em ânsia de bondade
o estendesse a mão
e o levasse para longe
para a eternidade
qual o quê.
o coração sozinho
embrutecido, dilacerado
ficou lá largado
e foi varrido
no dia seguinte
PS: coração, coração, estrela latente na palma da minha mão!
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
sábado, 15 de novembro de 2008
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
terça-feira, 11 de novembro de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
depois da ceia
depois da música
e das conversas
depois do café
e das bolachas
depois do amor
agora, nos entremeios
que separam
minhas vontades
das suas
somos serenos
a ausências das intenções
mascaradas em metáforas
agora, depois da tempestade
depois do sonho, da viagem
dos dilemas que esquecemos
das fotografias digitais
talvez sem medo
de ofecerer a outra face
de receber flores
de escrever bilhetes
de falar com os olhos
com o sorrido
de escutar o barulho da rua
agora, depois de fechar
as janelas, as portas
de conferir o alarme
de escovar os dentes
tomar leite, assistir
qualquer coisa
ler sobre o mundo
depois, somos serenos
inevitavelmente
mascarados
mas livres
de qualquer
imitação
do infinito
agora, depois
agora
domingo, 2 de novembro de 2008
em dor fina
à regalia de quem tem
tempo para sentir
os quereres
do coração
ah! seria assim
tão difícil ter
toda a vida
em um tarde
vazia?
não sei
deixarei para amanhã
as vontades
que me ocorrem
hoje
nos dias em que as nuvens
encombrem o céu
em tons de cinza
reparo ainda mais
o quando nós
somos pessoas
coloridas
sábado, 1 de novembro de 2008
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
terça-feira, 28 de outubro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
domingo, 26 de outubro de 2008
sábado, 25 de outubro de 2008
tão real e densa que penso estar desperto
é a imagem que sustenta o Universo
mas, me pergunto:
o Universo é feito assim
desse tecido da incompletude?
como se nada ou ninguém
fosse capaz de romper a rede
do poema que dizia:
Pedro amava Joana, que amava...
... e que não amava ninguém...
enfim, é um golpe
é uma cicatriz
é uma ruga
é o tempo
Há alguma coisa nesta noite
Que não sei explicar
Um ar rarefeito, prestes
A precipitar...
Recolho os fragmentos da rua
Como se ao juntá-los
Resolveria-se o mistério da vida:
as partes do quebra-cabeça
que findariam em meu peito
a vontade de chorar
Os concretos quentes
O asfalto gasto
O tempo indeterminado
Pessoas sós, aos pares
Aos bandos...
E os minúsculos e macros
Barulhos intermitentes
A noite que não se explica
Nem pelo seu nome
Nem pela sua existência
Existe aí mesmo
No intervalo dela
Com alguma outra coisa
Que é minha, que foi minha
terça-feira, 21 de outubro de 2008
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
não será o tempo de amanhã
parece óbvio? parece...
acontece que o tempo de agora
é uma estufa
que nos faz suar o sangue
das metodologias absurdas
de uma civilização em ruínas
o tempo de amanhã
depois da tempestade do século
surgirá como calmaria
transfigurando o que
nos torna brutos
em eternidade de sentidos
que agora as palavras
só podem se referir
em apunhaladas
o tempo de amanhã
permitirá o suspiro aliviado
será quando saberemos
que não somos culpados
pelo delito, pela ferida
pelo assassinato...
o tempo de rasgar
os papéis da burocracia
que matém a ordem
desumanizante
o tempo das hierarquias
serem subvertidas
pelas ordens de outras pessoas
de gestos mais coerentes
do compartilhamento
de responsabilidades
o novo tempo, que já disponta
em surdina e tormento
para os vagloriados de agora
será o tempo intimista
entendido pelas crianças
pela inocência, confiança, poesia
ah! tempo que nos falta
e nos comove...
domingo, 12 de outubro de 2008
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
que pueden ser vividas
son aquellas en que nada
puede ser dicho o escrito
como dijera una poeta:
vivir ultrapasa
todo entendimiento*
* Clarice Lispector escreveu:
Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa todo entendimento. Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Eu sou uma pergunta.
? Mas, será mesmo ?
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
domingo, 5 de outubro de 2008
sábado, 4 de outubro de 2008
espelhos dos meus devaneios
olho-te e liberto o veneno
da minha poesia
ética-estética da existência
em pequenos segundos
perdidos nessa
observação
deixo de amar o tempo
em que fui a esperança
de encontrar soluções
nos vales de lágrimas
deixo o teu coração
em contato com a agulha
que fere meus olhos
que te olham pela fresta
do cantinho do dia
um segundo
menos
e pá!
angústia elevada
necessidade de achar
que vale a pena ser
ainda ser o que se é!
identidade?
olho-te no esboço
olho-te no meio
nunca inteiro
nunca para sempre
olho-te de escanteio
meia boca
sem intenção de nada
apenas criar
alguma alegria/tristeza
para, enfim
deixar de lado
toda felicidade
e ser o mesmo
de sempre
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
alguns livros ainda
antes de domir
escrever bilhares de poesias
para dar conta daquilo
que nunca dou conta
das promessas e pormenores
feitos no devaneiro
segundos antes de entrar
em sono rem
mas não!
não os escreverei hoje, nem amanhã
quiça nunca!
antes de dormir
nem vou escovar os dentes...
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
terça-feira, 2 de setembro de 2008
samba para gláucia musicar!
mereço sim
um novo começo
mereço sim
um novo começo
mereço
ahhh, vida-solidão
não dá, não dá
quando chega
o verão
mereço um começo
molhado atado
em elevação
mereço um beijo
calado, sentido
em ebulição
mereço a morena
do corpo sagrado
da redenção
mereço sim
um novo começo
mereço sim
um novo começo
mereço
atenção!
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
terça-feira, 26 de agosto de 2008
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Que bate a minha porta
A essa hora da noite?
E vem me dizer essas
Verdades tão cabais...
Precisaria meditar
Para compreendê-las
No silêncio obscuro
De Mim para Mim
Sou eu! Diria...
Mas não, ainda não
Você diz. Mais um pouco...
Depois vem a trégua
Amanhecer lento
Dia claro, céu azul
Brisa mansa
Clima ameno
Já vai? Assim sem avisar?
Deixou aqui
O resto das suas Verdades...
Quando virá buscá-las?
Espero seu regresso
Enquanto isso
Passo como invisível
Ao olhar do outro
Que tem a ti
domingo, 24 de agosto de 2008
Agora que mudei
Tudo me parece mais
A la Campos
Do alto da janela
Do Edifício Grand Prix
Mas eu tenho todas
As sobras da Modernidade
Exaltadas nas Odes campesianas
Tenho todos os excessos e os vícios
Toda parafernália, todas as crises
Mas ainda respira
Álvaro de Campos Todo Poderoso!
Do alto da janela
Do Décimo Sexto Andar
Do Centro dos Centros
A qualquer hora
Do dia ou do noite
Vejo o malabarista
Ao sinal fechado
Exibindo uma cadência
De alguma decadência
Mas ele sorri e pede
E os motoristas avançam...
Vejo, em um gesto
De Grandiosidade
A Lua Cheia nascente
Imponente e Vermelha
Mas, quão longe vão
Meus pensamentos
Que repassam todas Horas
Vivas da Memória?
Sou Eu, o mesmo de sempre
Digo ao meu inconsciente!
Ah, a saudade é presença
Da ausência ardendo no peito
O Medo de ter um amor
De se não Pleno
De não corresponder
As expectativas feitas
Por encomenda para teu Nome
Ah, dor de uma taça de vinho
Tomada em solidão
E tudo isso aqui do alto
Causa-se a vertigem
De Campos embevecido
De Nostalgia pela sua
Perdida e imaculada infância
Mas, não sou-o!
Não devia ao menos sê-lo...
Pois o canto de Campos
É triste às vezes
E soa como lágrima
Que escorre sem amparo
Mas, hei de convir
Que todos somos
Um pouco assim
Na dor que nos faz
Humanos
E se chorar é ruim
Calar é ainda pior
Por isso aqui do alto
Do Décimo Sexto andar
Do Edifício Grand Prix
Ficarei atento aos sonhos
Que chegam e partem
Da minha janela
Sou Sonho
Sem Sombra de dúvida
Já é de noite, já tarde
Mas ainda não madrugada
Meu coração é apertado
E ao mesmo tempo largo
Meio inacabados
Como a roupa por lavar
Os detalhes por ajustar
O chão por varrer...
Parece que a noite veio
Justamente para calar
Meus desejos
E meus pesadelos
Meu corpo diz
Que já é mesmo tarde
E que amanhã
Teremos tantos compromissos...
Há que se curar
O vazamento do tanque
Que se solucionar
Os mistérios do mundo
Através dos relatórios
Pelas reuniões, opiniões
Há que se dar algum jeito
Nos contratempos absurdos
Que dilaceram a rotina...
Ah! Já é tarde!
Diz-me o relógio
E o quase silêncio da rua...
Tarde para empilhar os livros
Abrir os armários
Morrer de paixão
Ou de saudade...
Já é tarde...
Vou dormir
domingo, 17 de agosto de 2008
Mudarei as folhas daquele arbusto
Transitarei na rodovia
Com os olhos vendados
Para mudar a direção dos carros
Mudarei o tempo do relógio
Atrasando-o e depois o adiantando
Modificarei as rotas dos mapas
O ronco do ar condicionado
O quadro da sala
O escorredor de pratos
Mudarei a mobília do quarto
O número do telefone
O celular, a calça
O lençol, a toalha
A água da privada
O imã da geladeira
Trocarei o carro, a face
A moeda, o salário
O emprego, a empregada
O verbo, a ordem dada
O chafariz da praça
O remédio para o coração
Mudarei também a paixão
As amizades, o contrabando
A saúde pública, o supermercado
O cabeleireiro, o mecânico
A vassoura e o rodinho
O som, a televisão, a mine-série
Mudarei sem pensar
De nome, de endereço
De Universo, de religião
De Filosofia, de Idéia
De Verso, de Acaso
De Destino, de
Fim
domingo, 20 de julho de 2008
dico tomias
de frondosas árvores
passeiam desigualdades
que parecem ser
mal vistas:
é o medo do outro
que toma conta
do que é mesmo Meu:
minha cesta de frutas
cítricas, meus repelentes
contra a insatisfação
minha blusa bordada
com linhas de fuga...
e, raramente
aquele menino
postado de indigente
irá me tocar
ele está lá
MAS eu
estou aqui
segunda-feira, 7 de julho de 2008
quero saber do teu futuro
mostra-me o teu destino
traçado nas linhas do infinito
antes que o Verbo te cubra
e te re-defina em mil
pedaços novamente articulados
em tantas outras
narrativas imprevisíveis
mostra-me teus retalhos
feitos de novíssimas rugas
dessa pele que protege
a tua essência
deixe-me ver e re-ver
teus olhos cristalinos
ler e re-ler tua retina
antes que se retifiquem
que transmutem em
tantos outros sentidos
para além de qualquer
métrica possível
de ser escrita
em poesia
ah! dei-me o teu
tempo vivido, menino
os tempos das fotografias
da infância e da velhice
deixe-me contar-te
num romance auto-bigráfico
deixe-me narrar-te
nesse enrredo que se apresenta
nesse imenso presente
que é a tua vida
dá-me teu destino
as tuas horas de martírio
dá-me o teu sorriso
e tuas de horas de lucidez
o esboço do que é certo
na tua alma, na contra-luz
do teu instinto
ah! como quero prever-te
e prender-te nesse espaço-tempo
que acalenta por sabermos
o quanto somos nós mesmos
apenas eu e você
persona única
na história
mas a questão
sempre dolorida para mim
seu Ego com e maiúsculo
é que nos reinventamos
em inconstantes necessidades
em essencias refeitas
somadas e subtraídas
na fumaça dos dias
na umidade dos papéis
que borram o cortorno
da nossa personalidade...
és tão pueril
sou tão deslocado
que me calo
para ouvir-te
diz-me dessa tua idade
diz-me das aventuras
diz-me das paixões!
além de ti há o mundo
outros tantos agitados
outros tantos camuflados
outros ainda que nos esperam
talvez ao dobrarmos a esquina
talvez na desritmia da rotina
talvez nos sins e nos nãos
nessas incertezas
que nos preenchem de indecisões
mas vale aguardar-te
em voluptuosa transcedência
sim, pois Eu transcendo-te
apesar de relutares contra isso
doce menido feito de ilusão
mas não tema meu poder
de cumprir qualquer designação
viva o tempo corrido
do imenso presente
que é nossa vida
viva a ferida aberta
no teu coração
sangra a tua existência
em palavras, em versos
em atos, em revoluções
nos sonhos, no perdão
em todas a Amizades
feitas e re-feitas
és artefato dos teus feitos
antes mesmo dos nossos defeitos
fico aqui roendo a corda
bamba que nos sustenta
na ponte que leva
ao buraco negro
do inconsciênte
aparentemente livres
de qualquer obrigação moral
há por entre elas
um coração que bate
assim como há
um coração
por entre os olhos
de quem lê
essas palavras escritas
coração? coração?
mas o comando
não vem da mente?
podem perguntar os mais céticos
sim! o coração é a metáfora
assim como a mente...
dentre as palavras
entre entras, com elas
e jamais sem esses signos
que nos cercam
sábado, 5 de julho de 2008
com o desejo sem fim
de poder encontrar em ti
subsídios para minha
felicidade...
imaginas?
como sou tolo
fraco, baixo
mesquinho
como sou ridículo
até mesmo por escrever
estas palavras
mas a noite veio em mim
e tua presença distante
me disse:
"eu também estou pensando em ti"
e aquilo ardeu no meu peito
no profundo silêncio da madrugada
claro que depois voltei
a minha identidade hipócrita
peguei o telefone e liguei
para qualquer pessoa
menos para ti
sabe-se lá se aquela hora
tão fria já, tão requiem
não estarias sonhando
com o teu futuro amor?
de qualquer forma
não quis atrapalhar...
agora penso em tantas coisas
que poderia ter dito
mas também não direi
nada aqui...
afinal, o que é o espaço-tempo
de um poema que escrevemos
quando não temos
a quem dizer
as coisas que queremos?
bom mesmo é voltar
o rumo da vida
para o dia que se inicia...
bom mesmo é acordar
depois de um pesadelo
e ver que a realidade
está repleta de sonhos...
bom mesmo é encarar os fatos
lavar o rosto com água fria
e encarar a rotina
que é o remédio da alma